terça-feira, 11 de junho de 2013

COMPRA DA SEARA: OS SINAIS CRUZADOS DA JBS

ORA, A EMPRESA BUSCA MENOS ALAVANCAGEM. ORA, ASSUME A DÍVIDA DE OUTRA COMPANHIA

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Executivos da Marfrig e da JBS durante coletiva de imprensa onde foi confirmada a compra da Seara (Foto: Agência OGlobo)
Há alguns meses, Wesley Batista, presidente da JBS, tem batido numa tecla: a desalavancagem do conglomerado. Traduzindo, a empresa precisa equilibrar a relação entre a dívida líquida e o Ebtida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). O objetivo é levar a relação para menos de três vezes. No fim do primeiro trimestre deste ano, ela era de 3,4 vezes, praticamente o mesmo patamar do final de 2012.
Este é um ponto crucial para os negócios da empresa e para o seu modelo turbinado por investimentos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que hoje detém 23% das ações da companhia. Desalavancar, em outras palavras, significa menos apostas arriscadas e mais foco na geração de resultado.
Ocorre que, para o mercado, com a aquisição da Seara Brasil, a empresa emite sinais cruzados que ainda não foram claramente compreendidos. De um lado, sinaliza que irá diminuir o espaço para endividamento. De outro lado, adquiri uma empresa contraindo uma dívida.
Segundo Batista, apesar da compra da Seara, a JBS segue buscando uma alavancagem cada vez menor. Como? Parte disso se explica pelo fato de que a empresa passará a contar com R$ 10 bilhões em receitas da recém-adquirida, elevando seu faturamento para cerca de R$ 100 bilhões. Na calculadora, pode fazer sentido. A questão em aberto diz respeito ao tempo que a empresa irá levar para integrar as operações da Seara e, se tudo der certo, fazer com que esta pese a favor no balanço. Não será uma tarefa simples. O negócio envolve 30 fábricas e 21 centros de distribuição. A capacidade de abate da Seara é de 2,6 milhões de aves por dia. Da área de alimentos processados, saem diariamente 80 mil toneladas.
Dado o apetite da JBS por aquisições, pode se dizer que o anúncio da compra não foi uma surpresa. Surpresa mesmo será quando a empresa atingir um nível de desalavancagem que passe um pouco de tranquilidade ao mercado.

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