quinta-feira, 1 de setembro de 2011

É sempre assim, o governo pressiona, e a oposição acaba cedendo, mas desta vez com alfinatadas. MAS QUEM CEDEU MESMO FOI O BANCO CENTRAL.....

Por Vera Rosa e Christiane Samarco/BRASÍLIA, estadao.com.br, Atualizado: 1/9/2011 0:46

Oposição apoia decisão, mas diz que BC perdeu independência

Oposição apoia decisão, mas diz que BC perdeu independência
"Satisfação. Dilma ficou feliz também com a decisão de aumentar a meta fiscal"

A presidente Dilma Rousseff comemorou o corte na taxa básica de juros e negou que tenha feito pressão sobre o Banco Central. A oposição apoiou a redução da Selic, mas, pela forma como a decisão foi tomada, sob pressão do Planalto e do Ministério da Fazenda, avalia que o BC perdeu independência.
O senador Agripino Maia (RN), presidente do DEM e líder do partido no Senado, apoiou a redução da Selic e disse que a decisão foi tomada pelo BC depois de Dilma ter anunciado, 'de forma responsável', que pouparia mais receita para abater na dívida. Para Agripino, o governo foi responsável ao mostrar que 'não gastaria de forma perdulária os R$ 10 bilhões arrecadados com aumento da receita e ao dizer que esse dinheiro era para fazer superávit e pagar os juros da dívida'.
Independência em risco. 'Não somos contra a redução dos juros, mas o esforço fiscal do governo tem de ser um esforço real', disse ao Estado, o deputado ACM Neto (DEM-BA). 'Para que o corte de juros não vire uma armadilha, e a redução da Selic não implique em mais risco de aumento da inflação, é preciso que o governo corte de verdade nos gastos', completou o líder do DEM na Câmara.
O presidente do PSDB, o deputado Sérgio Guerra (PE), fez coro com ACM Neto na avaliação de que a pressão do Planalto sobre o BC foi explícita ao longo da semana e, por isso, a decisão de cortar os juros acabou por ferir a independência da autoridade monetária. 'Só há uma explicação para o que aconteceu, depois de o (Guido) Mantega anunciar que não gastaria R$ 10 bilhões de receita nova: a Dilma meteu medo ao BC, e o BC teve medo da Dilma. E, com medo da Dilma, o BC cedeu', resumiu Guerra. 'No fundo, a presidente Dilma não se preocupa muito com a inflação. Ela se preocupa mesmo é com as pesquisas de avaliação do governo', acrescentou.
'Ao longo do governo Lula, o BC vinha mantendo uma posição independente. Hoje (ontem à noite), o BC se mostrou disposto a ceder às pressões políticas da presidente da República, o que enfraquece a autonomia da instituição', disse ACM Netto.
Dilma comemora. A presidente Dilma comemorou a redução dos juros. Em conversas reservadas, disse que tinha certeza do acerto na decisão de aumentar a meta fiscal do governo, anunciando uma economia extra de mais R$ 10 bilhões este ano. Na avaliação do Planalto, após cinco aumentos seguidos dos juros, o BC deu sinais de que iniciará um novo ciclo de queda. O governo, porém, nega que tenha exercido pressão sob o BC.

Rima
SÉRGIO GUERRA
PRESIDENTE DO PSDB
'... a Dilma meteu medo ao BC, e o BC teve medo da Dilma. E, com medo da Dilma, o BC cedeu.'

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