Familiares de vítimas dos 'anos de chumbo' na Itália lamentaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir a permanência de Cesare Battisti no Brasil. Mas, a despeito do parecer da Justiça ter sido determinante, as maiores críticas foram voltadas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu o refúgio político ao ex-guerrilheiro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), condenado à prisão perpétua pelas cortes italianas.
As críticas foram feitas à reportagem por dois dos mais atuantes familiares de vítimas dos anos de chumbo: o físico Giovanni Bachelet, 56 anos, deputado do Partido Democrático, e a ex-deputada e ex-senadora Sabina Rossa, 48. Giovanni é filho de Vittorio Bachelet, jurista e membro da Aliança Católica, assassinado em 1980 pelas Brigadas Vermelhas, outro grupo armado da esquerda radical italiana.
Bachelet não questiona a decisão do STF, mas a determinação de Lula em manter Battisti no Brasil. 'Sou de uma família de juristas e compreendo bem que o que estava em jogo era uma questão legal. As decisões judiciais foram no bom sentido. Já as do governo Lula, não.' Para ele, o governo brasileiro não entendeu que a extradição seria para a Itália um ato de Justiça, não de revanche.
Também conformada, Sabina Rossa, filha do sindicalista Guido Rossa, executado pelas Brigadas Vermelhas em 1979, lembrou que o Executivo e o Legislativo italiano fizeram tudo o que estava ao alcance para obter a extradição. 'A justa conclusão seria a extradição e a prisão de Battisti em nosso país, já que há uma condenação na Itália, um país democrático', reiterou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.