terça-feira, 28 de agosto de 2012

Aluna de 13 anos mobiliza internet pela educação

Isadora Faber criou uma página no Facebook em julho para reclamar dos problemas na escola e sofreu bullying dos próprios professores, mas já tem milhares de seguidores

Isadora Faber, aluna de 13 anos que criou uma página para divulgar os problemas de sua escola e mobilizou a internet (Foto: Reprodução Internet)
Muitos reclamam da educação no país, mas poucos fizeram tanto quanto Isadora Faber. Aos 13 anos, a aluna da escola municipal Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis (SC), decidiu criar uma página no Facebook para reclamar dos problemas em sua escola.
Portas e fechaduras danificadas, quadra de esportes esquecida, ventiladores que não funcionam, fios desencapados colocando em risco a segurança de alunos, falta de professores... As reclamações de Isadora mostram as mesmas questões enfrentadas por alunos e educadores do ensino público no país. (O assunto foi tema de matéria de capa da última edição de Época NEGÓCIOS). “Estudo lá há sete anos e nunca vejo nenhuma mudança. Cansei”, diz Isadora.
E foi exatamente esse sentimento de frustração que atraiu tantos olhares para a página de Isadora. Criado em 11 de julho, até a manhã de hoje (27/08), o endereço contava com 6.000 seguidores. Depois de cair na rede e chegar aos sites de notícia, a página, chamada Diário de Classe, registrava mais de 18 mil fãs.
A ideia de criar a página no Facebook veio de uma conversa com a irmã mais velha. A engenheira de 24 anos contou a Isadora sobre um blog no Reino Unido, o Never Seconds, que, ao denunciar a qualidade da merenda escolar, atraiu a atenção da secretaria de educação e até do chef de cozinha Jamie Oliver.
Na escola de Isadora, no entanto, a repercussão não foi tão positiva. A aluna de 13 anos começou a sofrer bullying dos colegas, das merendeiras e de seus professores. Isadora conta em um de seus posts que, em um dos episódios, a professora de português preparou uma aula sobre política e internet e disse que os alunos não deviam falar dos professores na rede.
Mel Faber, a mãe de Isadora, confirma o caso e afirma que foi chamada duas vezes na escola para pedir que a página fosse retirada do ar. “Ela sofreu muita represália. Acho que ela levantou uma bandeira muito forte que é a educação na escola pública. Isso vai ficar para o resto da vida. Não vou pedir para ela voltar atrás.”
A mãe de Isadora, que trabalha como produtora de vídeos, conta que chegou a alertar a filha quando ela disse que criaria a página. “Isso não vai ficar só no Facebook. Você vai encarar os resultados? Ela disse que ia, e nós decidimos apoiá-la. Ela está encarando, mas não é fácil.”
Percalços à parte, a iniciativa começa a surtir efeitos. Um ventilador na sala de Isadora que estava dando choque nos alunos foi retirado, portas e fechaduras foram consertadas. Um representante da secretaria de educação do município, segundo Isadora e a mãe, chegou a ir à escola e combinar que as melhorias seriam feitas, com a contrapartida que ela as divulgasse na página.

“Ele deu o nome, telefone e e-mail. A Isadora começou a cobrar dele as benfeitorias, mas ele simplesmente desapareceu”, afirma Mel. A reportagem não conseguiu contato com a diretoria da escola nem com a secretaria de educação. “Ela está exercendo sua cidadania. Nunca criou problema na escola, é uma boa aluna, sempre ficou acima da média e foi responsável. Acho que o corpo docente da escola deveria apoiá-la. Eles deviam aproveitar a oportunidade para resolver as coisas, em vez de encarar as coisas na defensiva.”
A página Diário de Classe, de Isadora Faber (Foto: Reprodução Internet)

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