sexta-feira, 8 de abril de 2011

Comoção no enterro das crianças no Rio de Janeiro

Corpos de 11 crianças mortas em ataque a escola no Rio são enterrados

O corpo de uma das crianças mortas será cremado no sábado (9).
Atirador segue no IML; após 10 dias é enterrado como corpo não reclamado.

Do G1 RJ
Igor Morais da Silva (Foto: Reprodução/G1)O corpo de Igor Morais da Silva foi enterrado na
tarde desta sexta-feira (Foto: Reprodução/G1)
Durante toda a sexta-feira (8), familiares, parentes e moradores do bairro de Realengo deram adeus a 11 das 12 crianças mortas pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira na Escola Municipal Tasso da Silveira, na Zona Oeste do Rio. O corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos, será cremado no sábado (9).
Apenas o corpo do atirador Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, ainda está no Instituto Médico Legal (IML). Segundo o IML, após dez dias, o rapaz será enterrado como "corpo não reclamado".

Vizinha da família de Ana Carolina, Fernanda Pereira afirmou que a menina era uma criança normal, como todas outras: "brincava com a minha filha de 8 anos toda hora, mas foi tirada da gente dessa forma", disse. Segundo ela, a família decidiu pela cremação e as cinzas de Ana Carolina serão deixada num lugar ainda a ser escolhido.
Igor Morais da Silva de 14 anos, foi enterrado por volta de 17h desta sexta-feira no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O irmão dele, Eduardo Morais da Silva, de 11 anos, também aluno da escola, estava desconsolado.
“O que eu mais gostava era quando meu irmão jogava bola comigo”, recorda ele.
“Ele saiu vivo, voltou morto. Acordou às 6h para ir à escola, e não voltou mais”, dizia, em voz alta, Dalva de Oliveira, amiga da família e ex-diretora da creche que cuidou de Igor e Eduardo. “Isso não pode acontecer. Não pode!”, bradou ela.
Todas as cerimônias foram marcadas por muita emoção nesta sexta-feira (8). A costureira Ana Rosa do Nascimento, de 54 anos, não escondeu a tristeza durante o enterro da sobrinha, Milena dos Santos Nascimento, no Cemitério do Murundu. O corpo da jovem, de 14 anos, foi enterrado sob aplausos de familiares e amigos do bairro. Para a tia da adolescente, a família ficou 'destruída' com a tragédia.
Rosa tia de Milena  (Foto: Igor Christ/G1)Rosa, tia de Milena, disse que a família ficou
destruída (Foto: Igor Christ/G1)
"A emoção e a dor são grandes. É uma mistura de dor e revolta. Está faltando um pedaço de nós. Só estou aqui porque estou tomando remédios para me acalmar", disse ela.
Segundo Ana, a sobrinha tinha o sonho de participar de desfiles de moda e cursar uma faculdade.
"A Milena era muito estudiosa, um doce de menina. Ela sempre dizia que queria fazer faculdade e sonhava ser modelo também. Mas veio um maluco e acabou com o sonho dela. A crueldade está demais nesse país", lamentou.
As duas irmãs de Milena, Helena (12) e Tainá (15), sobreviveram ao ataque à escola. Para a tia, elas vão precisar de ajuda psicológica para superar o trauma.
Acompanhado do irmão e do primo, o policial militar Ricardo Goulart foi ao cemitério do Murundu para o velório e enterro de Bianca Rocha Tavares, de 13 anos. A filha do policial, Miriã, de 10 anos, também estava na escola no momento do ataque. Ele conta que chegou rapidamente à escola após ser alertado por um vizinho.
Preocupado com a segurança, Ricardo decidiu matricular a filha em uma escola particular.
Ricardo tio de Bianca (Foto: Igor Christ/G1)Ricardo, à esq., e o primo dele foram ao enterro
de Bianca (Foto: Igor Christ/G1)
A doméstica Márcia Valéria, de 47 anos, levou as suas três filhas ao cemitério. As crianças eram amigas de bairro de Laryssa Silva Martins, 13 anos, também enterrada no local. Preocupada, ela pediu mais segurança no bairro.
"Será que os colégios vão ter seguranças? Como levaremos nossos filhos para a escola agora? Tudo isso é muito triste, não sei nem o que falar", encerrou.
No cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, a avó de Larissa dos Santos Atanásio passou mal e precisou ser socorrida. Os parentes se despediram da menina com cânticos.
Multidão participa de funeral da estudante Larissa Silva Martins, uma das vítimas do massacre. (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)Multidão participa de funeral da estudante Larissa
Silva Martins, uma das vítimas do massacre
(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame foi ao Cemitério do Murundu. E prefeito Eduardo Paes também esteve nos cemitérios do Murundu e em Sulacap, ambos na Zona Oeste, cumprimentar os familiares das vítimas.
Amigos, colegas e familiares dos alunos mortos comparecem ao velório realizado no Cemitério do Murundu, na zona oeste do Rio. (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)Amigos, colegas e familiares dos alunos mortos
comparecem ao velório realizado no Cemitério do
Murundu (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
Cristiane da Silva Machado, tia da menina Luiza Paula da Silveira Machado, chorava muito.
“Você sabe o quanto meu irmão lutou para criar essa filha”, dizia ela enquanto era abraçada por uma parente. “Era a princesinha dele. Meu Pai, por que isso? Eu preciso criar forças para suportar”, disse ela, chorando muito.

Parentes de Rafael Pereira da Silva levaram duas faixas para o velório do menino. Uma delas dizia: “Aí, governante: até quando vamos ficar sem segurança nas escolas e nas ruas. O Brasil vai copiar sempre as coisas ruins desse país? Hoje foi essa escola. Qual será a próxima?”
Os parentes de Mariana Rocha de Souza, de 12 anos, fizeram uma oração em frente à escola, após o enterro da menina no Cemitério do Murundu.
Também foram enterrados nesta sexta-feira, os corpos de Karine Lorraine Chagas de Oliveira, de 14 anos, Géssica Guedes Pereira e Samira Pires Ribeiro, de 13 anos.
Feridos
Dez alunos baleados na Escola municipal Tasso da Silveira seguem internados nesta sexta-feira (8), em seis hospitais do Rio. Três deles estão em estado grave. Renata Lima Rocha, de 14 anos, recebeu alta do Hospital Albert Schweitzer na tarde desta sexta-feira. Ela foi foi baleada no abdômem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário